De Florence aos dias de hoje...

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Espaço dedicado para troca de experiências, divulgação de eventos e produções científicas na área de Segurança do Paciente,vinculado ao Projeto QUALISEG da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense.

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Visionários são seres humanos admiráveis. Estão tão à frente de seu tempo, que suas idéias inovadoras e seus prenúncios se fazem atuais para incontáveis gerações, assim como a reverência e admiração que sentimos por eles. Assim foi Florence Nightingale, mulher com perfil muito a frente de seu tempo que transformou a enfermagem e criou novas formas de prestação de assistência à saúde, cujos feitos se encontram registrados em memoráveis publicações, como as que concluiu em 1859, nas quais teceu a reflexão “pode parecer talvez um estranho princípioenunciar como primeiro dever de um hospital não causar mal ao paciente”.
Bem mais de um século depois, em 1999, a análise de grandes estudos epidemiológicos gera a publicação do livro To Err is Human: Building a Safer Health Care System nos Estados Unidos da América, demonstrando que erros acontecem e são freqüentes durante a prestação de assistência, causando milhares de mortes e irreversíveis seqüelas, apesar dos imensos investimentos destinados à área, na maior potência econômica da atualidade.
Assim, há que se aceitar que o sistema no qual se desenvolvem as principais ações de cura e cuidado para a promoção, recuperação e reabilitação da saúde, assim como na era de Nightingale, precisa ser repensado para garantir a segurança do usuário, pois todo o sistema é perfeitamente desenhado para obter o resultado que alcança. Pacientes e famílias têm estado em constante risco de serem vítimas de erros e eventos adversos evitáveis, mesmo nas mais estruturadas instituições de saúde.
Um dos problemas que ameaça a segurança e impede o alcance de resultados mais profícuos no cuidado à saúde, se refere as constantes falhas operacionais dos sistemas que desviam as ações de enfermeiros para a correção momentânea de tais dificuldades, impedindo que exerçam a enfermagem que aprenderam e idealizaram para seus pacientes e familiares. Enfermeiros não têm conseguido focar, consistentemente suas ações na atenção à individualidade e integralidade do ser humano, o que nos distingue e faz única entre as demais profissões da área da saúde. Tal situação pode resultar em perda da identidade e do sentido profissional, quando não se consegue estabelecer relação terapêutica com o paciente e integralizar as diversas ações com vistas a atender suas necessidades e preferências.
Sustentada no diálogo entre as ciências biológicas e humanas, a enfermagem é o agente de interligação entre o sistema e o paciente, e encontra-se em posição única para a promoção de sua segurança, desde que direcione seu valor e poder para o cuidado do paciente, e não para correção de sistemas falhos de prestação de assistência.

(PEDREIRA, Mavilde da Luz Gonçalves. Enfermagem para a segurança do paciente.
Acta paul. enferm.,  São Paulo,  v. 22,  n. 4,   2009 .)
                                     Enfermagem para a segurança do paciente (Artigo na íntegra)

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